terça-feira, 8 de novembro de 2011



e se eu fosse louca!
se deixasse correr todos os desejos. soltasse todos os demónios maquiavélicos!
se eu fosse louca conseguias dizer-me em voz alta amo-te?
há na loucura um grau forte da verdade escondida.

Ser louca!

agora.
saltar desta desconhecida.
rir das cócegas com que a verdade me atormenta.

Louca, enfim!


domingo, 28 de novembro de 2010


















no profano desejo de quebrar o sagrado.
risco tracejado no negro carvão em que desenho a tua ausência.
irreal a luz desta vela. nem parte de mim nem pedaço da minha sombra.
serei apenas este espaço sem forma?
se eu pudesse ser o azul do teu regaço.
o aconchego do teu braço.
o afastar dos meus medos.
perder-me na esfera ambígua deste amanhecer envergonhado.
sopro a vela. apagados temores.
olho-me em nós. na surpresa deste acontecer.
...ainda húmidos os lençóis de saudade...

domingo, 27 de junho de 2010











desassossego
sibilante esta palavra que me rouba o sossego.
de braço dado com a ansiedade. onde pára a calma de outrora?
língua de fora. provocação!
hoje é dia. o dia!
espera a rua passos audazes. os meus. retidos num canto em conformismo.
desassosego-me.
polvilho de pimenta de Caiena. pó picante. audácia desperta.
especiarias soltas no vento.
revogada a perpétua pena. pena de morte à escravidão.
insensatez?
quiça.
quando im-possíveis se transformam num rio de chocolate.
prova-me.
em desassossegada fome.

ausente... mas não esquecida. regressei com as saudades amarradas em mim.
aos poucos vou re-descobrindo os caminhas até aos vossos espaços. obrigada, principalmente a todos os que estiveram presentes com palavras amáveis...
beijos em desalinho

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

À beira do precipício



Há na tua ausência um infinito
De pele não percorrida.
Carícias insubmissas,
Fugitivas do meu anseio.
Letras que não chegam a palavras
Caladas na clausura da noite.
Desconfio, como uma criança
Desolada à beira do precipício.
Ardem escondidas dentro de mim
As lágrimas que não se soltaram!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009



Volto a esse espaço a essa rua sem nome, pelo menos nas minhas memórias vazias. Lá te encontro. Formas que recupero de ontem. Para que o hoje não invalide o amanhã.
Um corpo. Desalento no sopro do vento norte.
Um olhar. Bebido na ilusão de um bar a fechar.

Escrevo dor. Recupero a tua atenção. Sabes do que falo aí no recanto das tuas feridas abertas.
Desenho os contornos curvados que te capto. Moldo-me. Choro seco que alimenta os ponteiros desse relógio... dessa hora já vivida.

dono.o tempo.escraviza os momentos.
eu. neste tempo sem ti!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

No hálito adormecido das palavras


No hálito adormecido das palavras moribundas
que vomitam sentimentos ultrajados
grito dores, rasgo carnes apodrecidas,
na farsa de uma vida de dias esmagados!

Vagueio nos braços da noite, onde o silêncio
Percorre descalço a oca solidão deste vazio.
Calco cinzas de mim…na mortalha
Que envolve fumos de queimada palha.

Descubro nas linhas de uma sina aldrabada
Ser filha de um passado que não vivi.
Traço nos papéis desertos da rua a coordenada
De um trilho para onde enfim parti!

Esqueço sonhos, apago a saudade
Vagabunda sem raízes em árido solo
Como se fosse a história da humanidade
Sonâmbula e adormecida no meu colo.